Durante anos a nossa modalidade andou “doente”, adormecida e pouco ou nada se fez para mudar a situação. Felizmente estamos a acordar e a tentar curar os “males” que a afectam.
A falta de visibilidade, projecção e credibilidade foi fazendo com que o hóquei em patins fosse aos poucos perdendo o seu espaço (que detinha por direito próprio) no panorama desportivo nacional. Os problemas que foram afectando os clubes levaram, por arrastamento e de uma forma natural, aos problemas na formação, não só nos escalões mais jovens de competição, mas também na sua base de formação inicial, até à iniciação da patinagem.
Foram vários os factores que foram gradualmente afectando a formação. Desde logo, o surgimento de novas modalidades, menos dispendiosas e de fácil aprendizagem.
Diremos, por exemplo, que para jogar voleibol ou futebol de salão, apenas precisamos de uma bola e calçar umas sapatilhas. Não é menos verdade que para patinar apenas precisamos de uns patins, mas para jogar hóquei em patins precisamos ainda de um stick, e todo um conjunto de outros acessórios, como as luvas, joelheiras, caneleiras... e, fundamentalmente, conseguir conjugar todo este equipamento. Para além disso contrariamente a outras modalidades a nossa não faz parte, salvo raras excepções, das que estão integradas nas escolas através do desporto escolar. A mudança dos quadros competitivos, a “violência” nos escalões mais jovens, a dificuldades de recintos desportivos para a prática da modalidade, bem como o pouco investimento das equipas seniores em jogadores vindo dos juniores, foram outros factores que foram contribuindo para o avolumar dos problemas ao longo dos anos. Não podemos também deixar de lado o facto de hoje em dia se procurar obter resultados para “ontem” e não a médio longo prazo. Os próprios atletas (salvaguardando as devidas excepções) encaram o próprio hóquei em patins de uma forma diferente. Facilmente hoje em dia um atleta falta a um treino, ora porque tem um jantar de aniversário ora porque tem um teste no dia a seguir, etc.
As soluções para esta situação não são fáceis, nem de resultado visível a curto prazo.
Um factor dinamizador e muito importante, servindo de mola impulsionadora na formação, é o facto de o clube ter uma equipa sénior a disputar o Campeonato Nacional da I Divisão. Quanto maior for o sucesso da equipa sénior maior a divulgação, interesse e entusiasmo dos jovens na modalidade.
Passará por uma intervenção forte na iniciação, tentando a “massificação”, cativação de miúdos para a patinagem, de forma a efectuar posteriormente uma triagem com vista à competição. Outra aposta passará pelo envolvimento das entidades municipais, câmaras e juntas de freguesia, na colaboração com os clubes de zonas geográficas mais afastadas dos grandes centros. A responsabilização dos próprios atletas e dos seus familiares, a integração progressiva nas suas equipas seniores serão também contributos importantes na ajuda da resolução dos problemas da formação.
É obvio que esta situação não se verificará em todas as zonas do país, nomeadamente na zona do Grande Porto e da Grande Lisboa. Provavelmente, na zona centro haverá maiores dificuldades. Mas na zona onde resíduo, no Minho, a situação é algo preocupante. Apenas disfarçada pelo excelente trabalho que foi feito na formação do Óquei de Barcelos em muito suportados pelos êxitos alcançados pela equipa sénior. O pouco número de equipas, nomeadamente nos escalões de juvenis e juniores é um facto visível dos problemas da formação nesta região.
É pois importante olharmos para este problema de forma realista e responsável, procurando soluções e tentando tomar decisões coerentes, de forma sustentável e não de resolução visando o imediato.
A nossa modalidade está bem viva e conseguirá voltar aos tempos da ribalta se todos nós que estamos ligados directa ou indirectamente contribuirmos de forma positiva para a resolução dos problemas existentes.
Artigo de Rui Neto in scn.pt
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