Valter Neves, nascido em Torres Vedras mas criado em Alverca, diz ficar “triste” quando vê a modalidade que adora cair no esquecimento colectivo. “Quando eu comecei a jogar hóquei no Alverca havia uma rivalidade saudável entre Vila Franca e Alverca, que mobilizava as pessoas e enchia pavilhões. Isso agora está diferente e é pena. Fico um pouco triste porque vou jogar a campos noutras localidades e noto que as pessoas se reúnem para um objectivo e sentem aquilo como sendo uma coisa sua. Sentem o clubismo, estão juntas e reúnem-se a puxar pela equipa. Aqui não”, desabafa a O MIRANTE.
Recordando os tempos em que o pavilhão do hóquei de Alverca se enchia para ver os jogos, Valter lamenta que “os miúdos que queiram evoluir na modalidade têm de ir para Lisboa ou Alenquer” e que a modalidade “já teve uma grande tradição aqui na zona mas deixou-se perder essa tradição. O hóquei morreu muito relativamente ao que era”.
Com um patamar invejável na competição, destacam-se os títulos de campeão europeu de juvenis, 3 vezes vice campeão nacional de seniores, vencedor de 3 taças latinas, vencedor da Taça das Nações, 2 medalhas de bronze em campeonatos da Europa e 2 medalhas de bronze em campeonatos do Mundo. Valter mudou-se para Vila Franca de Xira há seis anos e diz-se satisfeito com a cidade que já considera sua. “Vi crescer várias estruturas e espaços com os quais me identifico, nomeadamente o parque urbano e o passeio ribeirinho. Apesar de ter vivido grande parte da vida em Alverca considero-me um vilafranquense”, diz com um sorriso.
Vestir a camisola da selecção foi apenas o último passo deste jovem que aos 14 anos trocou Alverca pelo Clube Desportivo de Paço D`Arcos, onde esteve até 2003. “Na altura o Benfica estava numa posição delicada na tabela e o Paço D`Arcos bem colocado. Acabei por ser escolhido para ir para o clube do meu coração. Falta-me só um titulo sénior a nível nacional e este ano o Benfica tem uma nova dinâmica e novos métodos de trabalho que nos fazem estar em primeiro e acredito que esta época vai ser boa em resultados”, garante.
A participação no último mundial foi motivo de orgulho, onde a selecção nacional conseguiu enfrentar os campeões do mundo nas meias-finais e, apesar da derrota por 2-1, “fizemos um bom jogo e dignificámos as cores nacionais”. Quando ouve o hino ainda sente o calafrio da responsabilidade. “Para todos os jovens que gostam de hóquei e gostavam de seguir na modalidade eu digo para seguirem o sonho, trabalharem muito e se não conseguirem alcançar o que pretendem a nível local persigam-no lá fora. Nunca desistam apesar das dificuldades”, conclui.
In O Mirante Online
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